Os copos tilintam.
Ouvem-se risos , foguetes e barulho de fundo. O novo ano
chegou.
As pessoas ficam na esperança que um novo ano lhes traga uma
vida nova … festejam a data com os melhores vestidos de lantejoulas, sapato
alto preto com classe e o cabelo, outrora desleixado, ganha agora um novo
propósito por entre secadores e ganchos.
As olheiras são tapadas com uma mascara de
base e os olhos transformam-se em selvagens meios de persuasão.
Os lábios,
esses belos e perigosos adereços da mulher mudam para uma cor sedutora prestes
a agarrar a presa.
É hora de colocar o melhor perfume, aquele que compraram no
natal e que ainda se encontrava embrulhado.
Ajeitam a roupa interior acabada de estrear com a expectativa
de ter uma noite capaz de fazer o novo ano parecer radioso, e muitas
desiludem-se quando a noite que achavam ser uma oportunidade se torna não mais
do que uma vulgares horas passadas a dançar ao som de músicas que mais parecem
de Carnaval, num sítio qualquer.
No dia seguinte, provavelmente com ressaca, levantam-se e
olham para o lado, confirmando que não
passou mais uma noite de solidão e caem na realidade de que por passar do dia
31 de Dezembro para o dia 1 de Janeiro, não quer dizer que a sua vida se renove
como que por magia.
A vida continua a mesma, sendo ela boa ou má, e voltam às
suas rotinas, emaranhando os seus pensamentos em poços já formatados para
determinadas tarefas.
A sociedade é assim, as pessoas passam os dias sem se
preocuparem muito, sem reflectirem sobre o seu propósito de vida, até que se
apercebem que mais um ano passou e nada do que tinham planeado há muito tempo
foi realizado…
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